Megaplano chinês de investimento pode ser chance para o Brasil
Especialistas concordam: o Brasil precisa aprender como atrair mais investimentos chineses na área de infraestrutura logística para se tornar mais competitivo no mercado mundial e firmar parcerias comerciais frutíferas com o gigante asiático.
Para Larissa Wachholz, sócia do grupo de consultoria Vallya, esse investimento seria inclusive do interesse das empresas chinesas, que, após desenvolverem a infraestrutura interna de seu país, precisam olhar para fora para se manter ativas.
Wachholz participou de debate durante o seminário Brasil-China, realizado pela Folha, com patrocínio da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil), do Banco Modal e da distribuidora Caoa Chery, com apoio da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
As grandes necessidades do Brasil ainda são infraestrutura e cadeia logística, áreas em que a organização nacional deixa muito a desejar –e nas quais a China tem know how, afirmou a palestrante.
Nesse sentido, uma grande oportunidade é a iniciativa “Belt and Road”, megaplano de investimentos do governo chinês para injetar bilhões de dólares em projetos de infraestrutura na Ásia, África, América Latina, Oriente Médio e Europa. Mas isso, afirmou a consultora, requer coordenação de uma estratégia interna e definir posições concretas sobre o que o Brasil pretende alcançar.
Roberto Jaguaribe, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil), apontou como essencial para o crescimento econômico nacional o investimento chinês em áreas como ferrovias, bens de consumo e produção de energia.
Seriam investimentos de interesse da própria China, já que o Brasil pode se mostrar um parceiro valioso pelo potencial produtivo capaz de suprir as grandes necessidades de consumo chinesas.
“O Brasil é um parceiro estratégico enorme. Precisamos construir uma relação calcada na complementaridade econômica e em uma grande convergência que existe entre os interesses dos dois países.”
Algumas das barreiras, destaca Jaguaribe, são a falta de estratégia nacional bem definida para atrair investimentos em áreas-chave, como a infraestrutura logística, e de conhecimento mais aprofundado sobre o funcionamento do mercado chinês.
“Se perguntar a um empresário brasileiro que quer exportar, ele não vai conseguir dizer o nome de uma única empresa onde tenha interesse em inserir seu produto no mercado chinês”, concorda Thomaz Machado, presidente da consultoria ChinaInvest. E a recíproca é verdadeira, diz ele.
O seminário aconteceu no Rooftop 5 & Centro de Convenções, em São Paulo. A mediação do debate foi feita por Jaime Spitzcovsky, jornalista e colunista da Folha.
Fonte: Folha SP