Os custos de sobre-estadia para os importadores de fertilizantes por descumprimento dos prazos de contrato, a chamada demurrage, caiu cerca de 72% no Porto de Paranaguá nos últimos sete anos. Os dados são de um estudo feito pelo Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Paraná (Sindiadubos). Os dados serão apresentados, nesta quinta-feira (25), na 14ª Edição do Simpósio Sindiadubos, em Curitiba.
Em 2011, o valor da demurrage por tonelada de fertilizante em Paranaguá era de U$ 16,88. Em 2016, caiu para U$ 7,05 por tonelada; em 2017 para U$ 4,68 e em 2018 passou para U$4,70 dólares por tonelada – uma queda de 72% em sete anos.
“A redução representa uma economia de aproximadamente U$ 70 milhões ao ano, ou 67%. Este valor deixou de ser gasto no custo operacional de importação de fertilizantes”, explicou o diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Lourenço Fregonese.
INFRAESTRUTURA – Ao todo, os Portos de Paranaguá e Antonina possuem sete berços de atracação que podem ser utilizados para a operação de fertilizantes, sendo dois berços especializados e outros cinco berços alternativos.
Os onze guindastes que operam com fertilizantes possuem capacidade de descarga de 132.000 toneladas por dia e 31 milhões de toneladas por ano. Apenas em Paranaguá, a capacidade de armazenagem de fertilizante é estimada em três milhões de toneladas.
Fregonese explica que, para conseguir estes resultados, a Appa fez um diagnóstico de todo o sistema de descarga de fertilizantes para descobrir onde estavam os principais gargalos que consumiam tempo e tornavam as operações menos ágeis. “Trabalhamos para possibilitar uma melhoria na infraestrutura e na logística de importação. Isso inclui a automação de processos, mudanças nas regras de atracação, monitoramento da produtividade das descargas de fertilizantes, e principalmente de inúmeras ações conjuntas com os operadores portuários privados para solucionar os gargalos existentes”, explicou.
“O resultado final foi uma redução de 67% no valor pago com a Demurrage”, completou Fregonese. Os números explicam essa redução. O setor de fertilizantes pagou, em 2011, cerca de US$ 100,5 milhões em multas sobre-estadia. Já em 2016, os valores gastos com a demurrage foram de U$ 34,4 milhões. Em 2017, foram pagos U$23,9 milhões de demurrage para 6,8 milhões de toneladas de fertilizantes e, em 2018, até o mês de setembro, foram pagos U$32,9 milhões para 7,14 milhões de toneladas movimentadas.
APRIMORAMENTO – O gerente-executivo do Sindiadubos, Décio Luiz Gomes, destacou que as melhorias no Porto de Paranaguá tem sido crescentes. A redução nos custos de sobre-estadias nas operações com fertilizantes se devem ao aprimoramento dos processos logísticos do Porto.
“Foram diversas medidas implementadas, entre elas a reforma do cais comercial, o aumento no número de berços destinados à descarga de fertilizantes, novas balanças automatizadas – que inclui opções de berços alternativos – e a informatização e automação do sistema para emissão de notas fiscais e expedição de caminhões”, explicou.
“No entanto, em 2018 tivemos a greve dos caminhoneiros que fez com que os navios ficassem parados por mais tempo, porque não tínhamos caminhões disponíveis para descarga. Isso refletiu no setor”, conta. Mas ele fez questão de destacar que isso foi um problema de negociação da tabela do frete. “O Porto de Paranaguá, hoje, atende o setor com muito mais agilidade e tinha berço disponível, mas a indefinição do frete dificultou o escoamento da produção naquele período”, afirmou Décio .
RECORDE – Após o término da greve dos caminhoneiros, no dia 19 de junho deste ano, o Porto de Paranaguá bateu recorde na descarga de granéis sólidos em um período de 24 horas. Foram descarregadas 41.305 mil toneladas de cevada e fertilizante entre 7 horas de 19 de junho e 7 horas do dia 20.
Dados da Appa mostram que o volume é 21,5% maior do que o último recorde, registrado em 2014, quando foram movimentadas 34 mil toneladas de fertilizantes em 24 horas.
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Maior porto de importação de fertilizantes do País
Paranaguá é o maior e mais importante porto na importação de fertilizantes do país, com 9,5 milhões de toneladas desembarcadas anualmente. O montante representa mais de 35% de todo o fertilizante importado pelo Brasil. “Este incremento é resultado de tudo que foi feito na infraestrutura terrestre, com mais armazéns, novos equipamentos, maior integração entre os modais rodoviários e ferroviários, além da evolução da estrutura marítima representada pelas campanhas de dragagem”, explica Fregonese.
O presidente da Appa lembra que – com a conclusão das obras de Revitalização da Avenida Bento Rocha, em Paranaguá e a construção de um viaduto na entrada da cidade – ambas em andamento, será possível tornar ainda mais ágil a descarga de fertilizantes.
Fonte: Portos e Navios